Jorge Coutinho, nascido na cidade de Lisboa, tem 51 anos, é casado e pai de Leonor (in memoriam). Desde menino, ele tinha o sonho de ajudar pessoas e pensava em ser médico. Porém, a família tinha outros negócios e Jorge acabou sendo executivo da empresa do seu pai. Formado em Gestão de Empresas e Pós-Graduado em Sales Management, ele permaneceu na empresa por 13 anos.
Foi uma pergunta feita pelo seu avô no leito da sua morte, que mudou por completo, aquele que seria o curso natural da sua vida e o fez colocar tudo em questão: era uma pessoa feliz?
“Os nossos pais têm sempre a visão que eles acreditam que é o melhor para nós e muitas vezes o sonho deles não tem a ver com o filho, tem a ver com o sonho que ele tinha e que ele não realizou. O meu pai foi alguém que nasceu pobre, o quinto irmão de uma família muito pobre, no Alentejo, interior de Portugal. Passou fome, andou descalço, teve uma vida sofrida, mas com 14 anos ele, literalmente, fugiu para Lisboa a fim de construir a sua vida.
Construiu uma empresa na área da indústria, mas nunca conseguiu tirar uma licenciatura. E o sonho dele era que o filho tivesse uma licenciatura. Passando, então, esse sonho para mim. Só que o meu sonho desde criança, eu lembro-me com 6 ou 7 anos, eu queria ser médico, queria ajudar pessoas, queria curar pessoas. Porém, o meu pai, tinha outro sonho e eu esqueci-me do meu. Foi o meu avô, um dos meus mentores, um homem humilde, do campo, que quando estava doente, após sofrer um AVC, deixando-o de cama por 2 meses, que poucas horas antes da sua morte, retoma a consciência, acorda, abre o olho, e pergunta-me: Filho, tu está a viver a vida que tu queres viver ou estás a viver a vida que os outros querem que tu vivas? Após isso, ele fecha os olhos e entra novamente em estado de semicoma, não acordando mais. O meu avô partiu com 88 anos. Aquilo foi como um murro no estômago. Isso aconteceu em 2005, eu tinha 33 anos, percebi que eu era o filho do Sr. Coutinho, que geria uma empresa, mas quem eu era verdadeiramente, como pessoa? Como ser humano? Quais eram os meus valores, as minhas crenças? Quais eram os meus sonhos?”
Jorge chega à conclusão de que não estava no comando da sua vida, por essa razão, deixa tudo para trás, e aos 35 anos inicia uma jornada de descoberta em busca do que o fazia verdadeiramente feliz e o que, de verdade, importava na sua vida. Cruza-se com o Desenvolvimento Pessoal e, em 2007, funda a be:coach, empresa especializada em Coaching e Desenvolvimento Humano, através da qual impacta hoje a vida de milhares de pessoas pelos 5 continentes do Globo. Pelo caminho tornou-se o primeiro Coach e Trainer Oficial de Língua Portuguesa a integrar a Equipa do “Life and Business Strategist” Tony Robbins.
“Eu geria uma empresa de família, nós éramos fabricantes e importadores de equipamentos para a indústria alimentar, eu era ótimo naquilo que eu fazia. Só que tinha chegado a um momento em que eu já não me sentia feliz, mas não sabia porquê. Era uma luta interna, eu viajava, eu frequentava bons restaurantes, tinha um bom carro. Mas, aquilo já não me preenchia, era um sentimento de não estar a ser grato por aquilo que eu tinha, de não estar a ser fiel àquilo que me tinha sido dado pela vida. E é quando eu olho para dentro, é com essa questão do meu avô que eu começo a olhar para dentro. Começo então a ler livros de autoajuda, de autoconhecimento. Até que eu vejo um vídeo do Tony Robbins no TED Talk, foram 20 minutos que parecia que ele falava para mim. Decido então saber mais sobre ele. Vou para os Estados Unidos, para o UPW em Nova Iorque, em 2007.
Foi naquele evento que tomei uma decisão, no quarto dia, no final do evento, quando Tony sai do palco eu estava muito emocionado, porque tinha de fato experienciado e vivido coisas que não tinha vivido ainda. Eu disse para uma pessoa que estava ao meu lado, é isto que eu vou fazer, um dia eu vou estar ali, foi para isto que nasci. Era 2/04/2007.
Retorno a Portugal, sento-me com o meu pai e com o meu irmão e conto que quero fazer algo mais, comprometo-me a ficar 50% do meu tempo na empresa, mas eu quero fazer algo mais. Eles dizem-me que precisam de mim 100% do tempo, então, eu tive que sair, entreguei as quotas, o carro, entreguei tudo aquilo que eu tinha.”
Jorge acredita que somos o resultado das nossas escolhas e que não são os eventos, sobretudo os negativos, que nos definem, mas sim aquilo que decidimos fazer com eles. Após deixar a empresa da família que, na época, faturava 7 milhões de Euros, ele precisou recomeçar, foi ao banco, solicitou um empréstimo para investir naquilo que iria ser o seu futuro.
“Eu tinha encontrado o meu propósito, eu queria ser médico, o meu propósito de médico seria servir pessoas. Entendi que poderia servir as pessoas por aqui, através das experiências e das dores que vivi. Eu tive uma intuição que dizia, é, isto! A vida tinha-me preparado para aquele momento, tudo aquilo que eu tinha vivido até agora, fazia sentido.
Além da minha família que considerou loucura o que eu estava a fazer, muitos amigos também acharam que eu estava a ficar doido. Fiquei praticamente sozinho. Somente um amigo, o Nelson, disse-me que acreditava que eu seria bom. Mesmo assim, eu fiz a escolha, e foi a melhor, claro que errei, precisei pedir ajuda, mas se eu não tivesse feito aquela escolha nunca seria o homem feliz e realizado que sou hoje.”
SER LENDÁRIO
Jorge impacta vidas, levando a sua mensagem através da sua própria história. Com um passado cheio de dor e de muita aprendizagem, Jorge transmite a sua principal mensagem, “Tu podes ser feliz e podes ser lendário”.
“Eu vi desde muito cedo, coisas que uma criança não deve ver e vivi desde cedo num clima de violência doméstica, quer verbal, física ou psicológica. Eu cresci num bairro de Lisboa, um bairro típico, onde havia tráfico de drogas e assaltos. Passei por uma situação de abuso com 7 anos por uma mulher mais velha, a quem os meus pais me confiavam quando precisavam de sair. Sofri ‘bullying’ porque eu era baixinho, gordinho. Tive uma mãe muito obsessiva, porque, como ela não tinha amor pelo meu pai, a fonte de amor era eu. Só que era um amor quase doentio. Por ser extremamente violenta, verbalmente, psicologicamente e fisicamente, eu lembro-me de ficar dias em casa sem sair, porque a minha cara estava inchada, estava arranhada das tereias que ela me dava. Hoje, olho para trás e entendo a história dela, a dor dela, sw onsw ´w uw cwio. Perdoei, hoje vivo bem com isso. A melhor forma de transmitir a minha visão é com a sinceridade, verdade e vulnerabilidade da minha própria história.”
TRANFORMANDO ROSAS EM PÃO
Símbolo do amor e da pureza, a rosa conta com espinhos que a protegem de ameaças externas e ajudam no seu crescimento, Jorge, pai de Leonor (in memoriam) fez dos sentimentos mais dolorosos o seu aliado na construção de uma mensagem abundante que alimenta a alma de milhares de pessoas pelo mundo, inspirando-as através daquilo que o transformou.
“Leonor, esse foi o nome escolhido para a minha filha, um nome nobre, bonito. Foi nome de uma Rainha e há uma lenda que essa rainha transformava rosas em pão para dar aos pobres. Mais tarde, fui ver a origem do nome, e em árabe, Leonor significa ‘o senhor é a minha luz.
Uma criança linda, começou a andar aos 11 meses, cresceu com muita energia, super saudável, nunca tinha tido uma dor de dentes, até aos 4 anos e meio, quando num feriado, ela sentiu dores muito fortes na barriga, fomos ao Hospital, fizemos exames e voltou para casa medicada para uma gastroenterite. As dores não passavam e resolvemos ir de novo ao Hospital, e após mais exames, recebemos o diagnóstico, uma sentença que nenhum pai deveria escutar. Ela tinha cancro. A Nonô foi diagnosticada com um tumor no rim direito, com 16 cm e no rim esquerdo, um tumor com 8 cm. Além disso, ela também tinha metástases nos 2 pulmões.
No processo que a minha princesa viveu, eu chamava-a princesa do papi, minha Nonô, mostrou-se forte, em cada processo químico, em cada dia de internamento, ela só queria ser feliz, independentemente da dor que ela vivia, independentemente do desconforto que ela tinha, ela encontrava sempre uma forma de ser feliz sempre. Sempre. Muitas foram as aprendizagens, primeiro é que a vida não tem regras, o certo seria o pai ir à frente, mas, a vida não tem regras ou a vida tem, mas muda as regras em qualquer momento. Então, é inútil você pôr regras para a vida, porque a vida vai mudar as suas regras. Outra aprendizagem é que a vida vai ser dura, ela vai tirar você do chão, haverá dias sem sol, mas não vão durar para sempre. A Nonô ensinou-me muito sobre isso. A missão dela foi ensinar. Foi uma criança que amou muito, ela inspirou muito. Ah, e eu tive a bênção de ter sido escolhido para ser o pai dela. São quase 10 anos, desde a sua partida. Prometi à minha filha que seria feliz por aqui, até que eu fosse encontrá-la, e é isso que eu sou.
Quando palestro, procuro levar a minha alma e o meu coração para o palco, busco fazer com que as pessoas trabalhem as suas emoções para terem uma experiência transformadora, o meu objetivo é que as pessoas saiam da sua zona de conforto e comecem a fazer aquilo que nunca pensaram em fazer.”
NEGÓCIOS
Jorge Coutinho conseguiu transformar a sua missão num grande negócio escalável. Mas, além disso, ele conseguiu escalar a sua missão, o seu desejo de servir e cuidar das pessoas. Como mentor, Jorge ajuda os seus alunos por meio de mentorias e cursos ‘online’, totalmente voltado para o desenvolvimento humano. E, através das suas palestras, que são feitas num ambiente descontraído, divertido e interativo, com exercícios e dinâmicas que joguem com as emoções de quem assiste, Jorge impacta e ajuda a transformar a vida de milhares de pessoas.
Autor de ‘Restart’ – um manual prático para a mudança, transformação e felicidade -, que está na sua 7.ª. Edição, ele acredita que na vida, de alguma forma e conscientes disso ou não, todos buscamos a nossa melhor versão.
“A procura dessa versão, a que eu chamo 2.0, passa inevitavelmente por um processo de mudança. E essa mudança tem início numa tomada de consciência. Quando elevas a tua consciência, reconheces o que precisas de mudar na tua vida. Acredito que o inverno dá sempre lugar a uma primavera, a um verão. Mas, para isso, precisas de fazer a tua parte: trabalhar a tua MENTALIDADE. É por isso que proponho, com este ‘RESTART’, mais do que te entregar apenas o «como», ajudar-te a mudar a tua mentalidade, porque é quando tu mudas como olhas para a tua vida, que a tua vida muda de forma.”
FUTURO
Foco, compromisso, consistência e determinação, esses são atributos de Jorge Coutinho que aos 51 anos, acumula resultados extraordinários nos seus negócios, consolidando-se como uma referência em desenvolvimento pessoal. Recusa-se a ser considerado um “guru”, define-se antes como um caminhante, um peregrino da vida, em busca de um sentido e propósito. Essa busca levou-o a criar o hashtag #belegendary, “ser lendário”. Quando lhe perguntam, “O que é ser lendário?”, responde, “Simples, é ter a Coragem de ser Feliz!”
“Decidi que não vou chegar aos meus 60 anos da mesma forma do que eu estou nos meus 50 anos. E eu não vou viver os meus 50 anos da mesma forma do que os meus 40 do que os meus 30 do que os meus 20. Então, iniciei uma transformação física e depois olhei para as 4 áreas da vida: pessoal, profissional, relacionamento e financeira. Então, daqui a 10 anos, eu vejo-me morando no Alentejo, fora de Lisboa. Com um negócio global que não dependa diretamente de mim. Abundância financeira, liberdade geográfica, onde eu esteja a fazer aquilo que eu amo fazer, impactando, literalmente, pessoas pelos 5 continentes do mundo. E para isso, eu hoje, vivo muito a minha verdade. Ser diferente é eu ser íntegro, eu ser congruente é eu ser genuíno com aquilo que eu prego.
Não adianta você ter um negócio escalável, pode ser um negócio milionário, mas se você não é um exemplo disso, qual é o propósito? Você vive uma vida vazia. Então, mais do que escala, mais do que independência financeira, eu vivo com a genuinidade, a integridade e a congruência que eu quero passar em tudo aquilo que eu faço. Eu sou extremamente exigente comigo, às vezes até demasiado, mas quero que isso seja o meu reflexo. E com a história de vida que tive, com o dom, com a bênção que eu tive em ter vivido literalmente todo o tipo de dor, eu quero mostrar para quem me segue e para quem olha para mim como um exemplo, que é possível. Independentemente do seu desafio, independentemente da sua limitação, é possível você viver feliz. É possível você alcançar o equilíbrio, a harmonia nestas 4 áreas.
Claro que tem um preço, consciência, conhecimento, ambiente, treino e tempo tem um preço e você precisa pagar esse preço.”